A motorista que teve o carro esmagado por duas carretas na Rodovia dos Imigrantes, no dia 10 deste mês em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, acredita que renasceu. A vítima foi socorrida apenas com alguns ferimentos e encaminhada ao Hospital Municipal de Cuiabá.
No dia 10 de junho, por volta de 13h30, a professora Marineia Rodrigues da Silva, de 44 anos, bateu na traseira de uma carreta. Imagens de câmeras de segurança mostram quando uma outra carreta bate no carro em que estava Marinéia, esmagando o veículo.
Um vídeo gravado por uma câmera de segurança da região mostra o momento em que o carro é amassado entre os dois veículos.
Pouco mais de uma semana depois do acidente, Marinéia, que ainda está internada no hospital para passar por algumas cirurgias, fala que assim que sentiu o impacto da batida, achou que estava morta.
“Eu vi a carreta vindo. Aí teve aquele baque no carro. Eu imaginei: será que eu me quebrei toda? Porque eu olhando embaixo, em cima, pensei que tinha acabou tudo. Mas eu trabalhei rápido na minha mente e comecei a mexer meus dedos. Eu tinha convicção que eu ia sair dali com vida porque eu tenho uma força sobrenatural. Senti aquele desejo de viver, desejo de ver minha família”.
A motorista explica que estava indo para casa de uma amiga. Outra amiga que mora perto, foi a primeira pessoa conhecida a chegar no local.
Na BR-070, conhecida como Rodovia dos Imigrantes, o trânsito lento e fila de carretas são comuns. No trecho urbano, tem posto de combustíveis, mercado, lojas e vários bairros ao redor. Os veículos pesados não circulam sozinhos.
Testemunhas se aglomeraram no local e ligaram para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Em uma das ligações para o Ciosp, uma pessoa pede socorro. No posto de atendimento da concessionária da rodovia, a Rota do Oeste, 13h49, os socorristas recebem o chamado e saem correndo.
Seis minutos depois, eles chegaram ao local. Começa então o trabalho de retirada da vítima das ferragens.
Segundo Douglas Henrique Motinho da Cruz, soldado do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, foi um milagre a mulher ter sobrevivido.
“É bem complexo devido ao tipo de colisão. A vítima ficou presa num espaço vital ali, que foi por Deus mesmo que ela ficou presa ali. Para poder tirá-la, a gente teve que usar algumas ferramentas como desencarceradores, expandir o teto e, assim, tivemos êxito no desencarceramento”, explicou.
O carro ficou completamente retorcido e, por isso, deu trabalho pra abrir a lataria e retirar a vítima.
Segundo os socorristas, o teto chegou a um palmo da cabeça dela. O curioso é que o espaço mais preservada nesse emaranhado é justamente onde ela estava.
Foram quase quarenta minutos para tirar a motorista do carro. Durante todo esse tempo pra tirar Marineia das ferragens, o socorrista Lucas Gabriel Sena Carneiro esteve com ela lá dentro.
“Primeiramente, quando eu vi que ela estava com sinais vitais, para nós foi um alívio. Não foi uma vítima fatal. Cheguei e encontrei ela pedindo por socorro, por uma ajuda. Ela estava numa situação ali naquele veiculo bem difícil para se movimentar, para mexer qualquer membro do corpo”, disse ele.
Marineia foi imobilizada e levada para o departamento de politraumatismo do Hospital Municipal de Cuiabá.
A médica especialista em cirurgia buco-maxilo-facial Ana Paula da Cunha Barbosa disse que a vítima fraturou o tornozelo e o nariz.
“Depois que a gente viu as imagens do acidente, a gente nem imaginava que uma paciente poderia chegar nesse estado, num bom estado geral com acidente tão grande como esse”.
O motorista da carreta fez teste do bafômetro e foi constatado que não tinha bebido. À polícia, ele disse informalmente, que se distraiu. Ele pode responder por lesão corporal culposa no trânsito, quando não há intenção de ferir, mas as investigações só devem seguir se a vítima fizer uma representação, manifestar a vontade de que o inquérito seja instaurado.
“Eu falei para alguém ir atrás dele, Em nenhum momento eu vi o motorista. Em nenhum momento ele foi ali no carro para ver ou para dar uma palavra”, disse Marinéia.
O motorista da carreta não atendeu nossas ligações e a transportadora, dona da carreta, não quis se manifestar.
Na casa da Marinéia, a sensação é de alívio.
Heitor Tiago Gonçalves, filho da vítima, quer ver a mãe bem o mais rápido possível.
“Nosso desejo é que ela retorne logo, com saúde, para que nós possamos acompanhá-la mais de perto. Estarmos juntos nessa recuperação até que ela melhore completamente”.
Portal Guaíra com informações do G1