A manhã desta segunda-feira (18), Dia do Médico, representou a concretização de um sonho para um jovem, que é exemplo de perseverança e superação de barreiras sociais e econômicas para atingir os objetivos de vida.
É o caso de JoelMistokles Luis da Silva de Macedo Vale, de 33 anos, mais conhecido como ‘Joel Mistokles’, morador do bairro São Bernardo, periferia de São Luís, e que agora pode ser chamado de médico, seu grande sonho.
A conquista veio após sete anos anos de luta que envolve o desafio de dar sustento à esposa e filhos, a falta de recursos para pagar a faculdade, e ainda levar e esperança às pessoas por meio da música, dentro dos ônibus da capital maranhense.
Sempre tive o sonho de ser médico e lutei por esse sonho com a ferramenta que eu tenho, que é a música. Nunca foi fácil. Eu e minha esposa sempre tivemos dificuldade, tínhamos nosso filho para cuidar… mas eu não desisti. Quando finalmente passei para medicina, eu já cantava nos ônibus. Então vendia o CD nos coletivos, o material que eu tinha às vezes, cabo, carregador, película de celular… porque quando a gente tem um sonho, luta com o que tem” Em 2016, a TV Mirante contou um pouco da história do jovem cantor Joel Mistokles (veja vídeo acima), que naquela época ainda estava no início do curso de medicina, e ainda sob o desafio de pagar os materiais do curso, e sustentar a família.
“A gente levantava de manhã cedo, 4… 6 horas da manhã para fazer beiju, cuscuz de arroz, de milho, bolo de milho… vários tipos. E vendia café da manhã na porta de casa antes de ir para a faculdade. Ela [minha esposa] ficava em casa, cuidando do bebê. E quando eu voltava da faculdade, ainda dava ‘tempo’ de vender churrasquinho, eu e ela também, para complementar a renda de casa”, disse Joel.
A ideia de cantar nos ônibus surgiu quase por acaso. Segundo Joel, ele já cantava na igreja e realizava trabalho de evangelização, mas foi em um momento de angústia, em janeiro de 2014, que ele percebeu que poderia usar seu dom para levar esperança às pessoas e ainda realizar o próprio sonho.
“Houve um dia que eu estava triste porque faltavam as coisas em casa. Então eu estava em um ônibus e comecei a cantar como se eu tivesse dentro do meu quarto. As lágrimas vieram para o meu rosto, cantei como se estivesse cantando para o meu próprio Deus. E quando eu passei a catraca, percebi que algumas pessoas estavam chorando dentro do ônibus. Então eu pensei: Isso só pode ser Deus. Não é o Joel. Então eu entendi que era ali, no ônibus, que eu deveria começar a cantar”— Joel Mistokles, o cantor dos ônibus
Sonho realizado no Dia do Médico
A cerimônia de colação de grau nesta segunda contou com a presença de amigos, familiares, professores e alunos que acompanharam as batalhas que Joel travou durante o curso. O aluno foi um dos mais aplaudidos e reverenciados.
“Eu sei de sua história. Eu sei de tudo o que você passou para estar aqui hoje. E eu te reverencio em nome de todos os que estão aqui presente para mostrar que sonhar não é proibido. E eu te parabenizo, Doutor”, declarou a professora e enfermeira Cianna, coordenadora da colação dos alunos de medicina.
Trajetória de vida
Em 2016, a TV Mirante contou um pouco da história do jovem cantor Joel Mistokles (veja vídeo acima), que naquela época ainda estava no início do curso de medicina, e ainda sob o desafio de pagar os materiais do curso, e sustentar a família.
“A gente levantava de manhã cedo, 4… 6 horas da manhã para fazer beiju, cuscuz de arroz, de milho, bolo de milho… vários tipos. E vendia café da manhã na porta de casa antes de ir para a faculdade. Ela [minha esposa] ficava em casa, cuidando do bebê. E quando eu voltava da faculdade, ainda dava ‘tempo’ de vender churrasquinho, eu e ela também, para complementar a renda de casa”, disse Joel.
A ideia de cantar nos ônibus surgiu quase por acaso. Segundo Joel, ele já cantava na igreja e realizava trabalho de evangelização, mas foi em um momento de angústia, em janeiro de 2014, que ele percebeu que poderia usar seu dom para levar esperança às pessoas e ainda realizar o próprio sonho.
“Houve um dia que eu estava triste porque faltavam as coisas em casa. Então eu estava em um ônibus e comecei a cantar como se eu tivesse dentro do meu quarto. As lágrimas vieram para o meu rosto, cantei como se estivesse cantando para o meu próprio Deus. E quando eu passei a catraca, percebi que algumas pessoas estavam chorando dentro do ônibus. Então eu pensei: Isso só pode ser Deus. Não é o Joel. Então eu entendi que era ali, no ônibus, que eu deveria começar a cantar”.
Desde então, Joel começou a cantar nos ônibus. E quando enfim passou no vestibular para medicina, começou a cantar músicas na ida e na volta das aulas, sempre sem cobrar. Primeiro Joel canta, depois oferece seu CD, mas cada passageiro dá o valor que pode.
“A mudança real que esse trabalho tem feito em mim é a forma de eu enxergar as pessoas e ver as necessidades dela. Porque às vezes as pessoas estão em um ônibus, com a cabeça tão cheia de problemas, pensando nas contas que têm, pensando no que perdeu … Então você chegar com uma mensagem positiva, falando sobre o amor de Deus, porque Deus ama todos nós. Eu creio que isso venha fazer a diferença. Eu creio que o amor ao próximo é o que me motiva”, conta o cantor.
Apresentação nos hospitais
Durante o curso, Joel também cantou nos hospitais e a fama alcançada pela música levada aos lugares mais carentes fez o então estudante alçar voos mais altos. De 2014 para cá, o cantor participou de eventos gospel, se apresentou para uma multidão na Praça Maria Aragão, e até foi convidado a participar de um programa de TV.
“Foi em agosto de 2018. Eu estava numa situação delicada financeiramente. Minha esposa indo para o quinto período de odonto e precisando de R$ 5 mil pra comprar de material, mas a gente não tinha nada. Pensei em desistir nesse momento. Foi aí que recebi a ligação para participar do programa fazendo um cover de Reginaldo Rossi. Não parecia nada, mas aí eu fiz do Elvis Presley e consegui a premiação de R$ 10 mil”, lembrou.
Novo médico quer ajudar esposa dentista
Antes de Joel, a sua esposa, Lorrane Pereira, já tinha realizado o sonho de trabalhar na área de odontologia, no final de 2019. Com o nascimento da segunda filha do casal, a Pérola Sophie, ela parou de trabalhar. Joel agora quer dar a chance dela seguir na profissão que escolheu.
“Em 2022 ainda não vou fazer residência. Vou ajudar quem cuidou de mim e da minha filha. Ela [Lorrane] terminou o curso dela em dezembro de 2020 e tivemos uma filha pequena que nasceu em março. Ela focou em cuidar de nossa filha e não trabalhou. Agora como médico eu espero dar condições dela exercer com mais excelência ainda o trabalho que ela escolheu, que é de ser dentista”
Após o sonho de ser médico, Joel afirma que agora o objetivo é cada vez mais exercer a profissão com excelência e levar saúde a quem mais precisa.
“Meus planos para o futuro são investir em conhecimento, aprender novas coisas para poder investir e aplicar na vida dos meus pacientes. Especialidade? Ainda não sei. Gosto de cirurgia, gosto de clínica médica. O que eu mais quero fazer é aprender e dar o meu melhor para meus pacientes”, afirmou.
Portal Guaíra com informações do G1