Moradores de Guaíra e dos municípios da divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul lotaram o auditório do Salão Navegantes, localizado no centro da cidade, na noite de quarta-feira (18) para ouvir detalhes da Nova Ferroeste. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Logística, 620 pessoas participaram presencialmente da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental do projeto. Outras 147 pessoas acompanharam a transmissão ao vivo pelo site oficial das audiências, onde os encontros são transmitidos em tempo real.
Nesta semana o estudo detalhado de fauna, flora e impactos em comunidades como indígenas e quilombolas também foi discutido em Dourados (MS), na segunda-feira (16), perto de Maracaju (MS), de onde deve partir a obra final. No estado vizinho foram registrados 200 participantes no Sindicato Rural do município, além do público virtual, com mais 195 pessoas. Outras cinco audiências estão no cronograma que encerra no dia 27 em Irati. A próxima acontece nesta quinta-feira (19) em Cascavel.
Em Guaíra, a primeira cidade paranaense a conhecer de perto a Nova Ferroeste, as principais perguntas estiveram relacionadas com as comunidades tradicionais, como os povos indígenas e quilombolas. Os moradores também demonstraram interesse no impacto ambiental dos trilhos de ferro em locais como o Rio Paraná, que separa os municípios de Guaíra e Mundo Novo, onde está prevista a construção de uma ponte ferroviária de mais de quatro quilômetros. A geração de empregos (direta e indireta) foi outro tema abordado.
“Nos preparamos por meses para que o conteúdo pudesse ser apresentado com clareza para a população dos 49 municípios contidos no projeto (41 no Paraná e 8 no Mato Grosso do Sul) e as pessoas pudessem fazer suas contribuições. Ficamos felizes em ter um engajamento tão expressivo já nos primeiros encontros”, declarou a chefe do Departamento de Planejamento da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística, Josil Voidela.
O superintende regional do Ibama no Paraná, Luiz Lucchesi, esteve em Guaíra e acompanhou a segunda audiência do empreendimento. Ele destacou a complexidade ambiental, social e econômica da Nova Ferroeste, em especial no Paraná. Para sair do papel a estrada de ferro vai ter que superar a Serra do Mar e três planaltos, onde há grande biodiversidade, encontrada nas florestas, campos e cerrado.
Ele também destacou a importância da participação popular neste processo. “É essencial esse diálogo em todos os níveis, sejam eles cidadãos comuns, dirigentes ou empreendedores. Todos os atores, desde jovens e pessoas mais idosas, podem contribuir com questões históricas, geográficas, biológicas e até de engenharia”, disse. “As audiências fazem essa divulgação do que se pretende fazer, do que existe e dos impactos. O que isso trará para o meio físico e para a população”.
AUDIÊNCIAS – As audiências públicas fazem parte do processo de licenciamento ambiental, realizado pelo Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Três técnicos do órgão federal vieram de Brasília e gerenciam os encontros. Durante a semana, eles realizam a vistoria técnica do traçado proposto nas regiões das audiências, etapa que é feita por terra e pelo ar, a bordo de um helicóptero.
Em Guaíra eles analisaram aspectos da Ponte Ayrton Senna, cujas cabeceiras foram avaliadas nos dois extremos, no Paraná e no Mato Grosso do Sul. A ponte com os trilhos será paralela à original. Ao final das sete audiências a equipe do Ibama vai emitir um parecer com sugestões e adequações, caso avaliem essa necessidade.
O Estudo de Impacto Ambiental, com mais de três mil páginas, apresenta uma análise detalhada das mudanças promovidas pela execução da futura estrada de ferro de aproximadamente 1,3 mil quilômetros. Os especialistas estudaram ao longo de mais de um ano oito pontos de maior interesse ambiental, como preservação e migrações da fauna, flora, ecossistemas integrados de produção e condições de solo, água e do ar.
OPINIÃO – O empresário Henrique Lima, de Terra Roxa estava na plateia e acompanhou atento as explicações técnicas. “Esse projeto é muito importante para a região Oeste do Paraná, para o Brasil como um todo, temos muito a ganhar com a realização”, disse o empresário. “Quem for explorar a ferrovia vai se surpreender com a demanda da nossa região, com a produção de grãos que todos anos alcançam novos recordes”.
Esta foi a segunda vez que o administrador de empresas e morador de Guaíra Marcelo Sandrin assistiu a uma apresentação sobre o projeto. Para ele, a conexão intermodal é um dos pontos fortes da Nova Ferroeste, em especial pela ligação com o Porto de Paranaguá, principal destino da colheita de soja e milho do oeste paranaense.
“Tenho interesse particular e profissional nesse projeto. Pelo que foi demonstrado na apresentação serão muitos benefícios, não só para o Estado do Paraná, mas para o Mato Grosso e até o Paraguai, que é nosso vizinho e também escoa boa parte da safra por Guaíra”, completou.
NOVA FERROESTE – A Nova Ferroeste é um projeto do Governo do Paraná que vai ligar o Porto de Paranaguá a Maracaju, no Mato Grosso do Sul, por trilhos. Eles vão cortar o Oeste do Paraná, celeiro da produção de grãos do País. Há previsão da construção de um ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu, que vai permitir a captação de carga do Paraguai e da Argentina, e de Chapecó a Cascavel, viabilizando o transporte da produção do oeste catarinense.
O projeto vai a leilão na Bolsa de Valores (B3) no segundo semestre de 2022. A empresa ou consórcio vencedor fará a obra e poderá explorar a ferrovia por 99 anos.
Portal Guaíra com informações da AEN