O policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva, que matou a tiros ex-mulher, Franciele Cordeiro e Silva, na última terça-feira (13) e cometeu suicídio, deixou uma carta informando a sua versão do relacionamento que teve com a vítima.
No Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela vítima quatro dias antes de ser assassinada, Franciele diz que em duas ocasiões Dyegho teria tentado interromper sua gravidez utilizando medicamentos abortivos. Na primeira ocasião – quando ela estava grávida de dois meses do filho do casal – o homem tentou colocar uma bolinha com o remédio em suas partes íntimas, afirmando ser um lubrificante sexual. Ela percebeu e conseguiu evitar o pior.
Porém, na segunda tentativa, em março deste ano, quando ela estava no sétimo mês de gestação, após uma relação sexual ela acabou sentindo fortes dores abominais e foi levada às pressas ao hospital, onde o bebê acabou nascendo prematuro, falecendo cinco dias depois. Ela acusou Dhyego de ter repetido o feito para forçar o aborto da criança.
Em uma carta digitada, Dhyego escreveu sua versão sobre o assunto. Leia abaixo:
“Tirou o diu para engravidar, me acusou de aborto sem consentimento […] Ela engravidou, armou isso e foi manipulando diversas vezes, quando num dia eu decidi para de ser chantageado, peguei mina coisa e fui embora, no dia seguinte ela tomou o [remédio] sozinha e sem eu por perto, me chamou para ficar com ela e aguardar o efeito, a noite mina filha nasceu e viveu apenas dias. Eu não amava e nem queria saber da criança, mas é uma sensação surreal e eu me perdi naquela humaninha pequena e depois foi levada como um anjo no céu.
O militar publicou um vídeo, pouco antes do crime, onde afirmou ser vítima de um “relacionamento abusivo”, com a ex-companheira. Em outro trecho na carta ele repete novamente que estava em uma relação abusiva.
“Relacionamento não tínhamos, mas era uma situação abusiva a cada dia, não sei quantos homens passam por isso, seja para sair e tomar uma com amigos e a minha briga ou te ofende por bobeira, isso faz mal, uma coisa que devemos falar, homens também são vitimas e eu fui vitima por muito tempo, questão financeira peguei mais empréstimos e empréstimos para segurar a onda das contas e que ela pedia para trocar de carro e queria fazer uma plástica, concedi, pois assim não via motivos e estranhei sempre o salario nunca cair e o processo também não, me afundei, ela já estava falando com outro, eu não ligava pois não tínhamos nada, mas ela só me cobrava e surtava se eu fizesse o mesmo.“
Ao fim, o militar conclui a carta dizendo que combate a violência contra a mulher e que assassinar Franciele não foi um ato de feminicídio.
“Eu fui vitima de muita coisa, […] sempre publiquei artigos em defesa e combate a violência contra a mulher, mas há mulheres que são vitimas de verdade e há mulheres que fingem e agridem o homem, até que ele não aguente, não é uma questão de feminicidio, pela questão dela ser mulher, mas por tudo que ela fez comigo, um homem saudável e com a cabeça sempre focado, ficou perdido, e não achou mais solução.”.
Relembre o crime
O policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva, matou a ex-mulher a tiros, no fim da tarde de terça-feira (13), no bairro Rebouças, em Curitiba. Após os tiros, o corpo da vítima, identificada como Franciele Cordeiro e Silva, foi mantida dentro do Citroën C3 com o atirador até por volta das 21h15, quando o militar tirou a própria vida com um tiro.
Dyegho teria chegado de motocicleta no local do crime, onde abordou a mulher que estava com a filha, de 11 anos, dentro do automóvel. O homem então atirou cerca de 8 vezes contra a vítima, que veio a óbito no local. Logo após ele se trancou dentro do carro após a criança fugir dos disparos.
A Polícia Militar esteve no local e tentou a rendição do suspeito durante várias horas, porém não obtiveram sucesso e por volta das 21h30 o soldado cometeu suicídio com um tiro.
Portal Guaíra com informações do OBemdito/Banda B