A pesquisa inédita “Mapa da Riqueza”, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social revela as desigualdades do país a partir da declaração do Imposto de Renda: 18% dos paranaenses passam do valor mínimo para declarar a renda.
O levantamento leva em consideração aqueles que fizeram a declaração do Imposto de Renda em 2020 – que ganharam mais de R$ 28.559,70 mil reais no ano. Segundo a pesquisa, é como se houvesse uma régua – aqueles que passam dessa “marca” têm uma boa condição de vida.
Dentre os contribuintes que declararam o imposto no Paraná, a renda média é de R$8.639 e o patrimônio líquido médio declarado é de quase R$ 350 mil.
Entre os estados, o Paraná é o quinto onde estão as pessoas com mais dinheiro no Brasil, junto de Distrito Federal, São Paulo e dois outros estados da região Sul: Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Entre as cidades paranaense onde há a maior concentração de riqueza: estão, Cascavel, Londrina, Pato Branco, Maringá e Curitiba.
A capital é onde se concentram aqueles que ganham mais: 30% dos moradores tiveram de declarar o IR em 2020 – ganhando em média quase R$ 3,5 mil por mês e com um patrimônio médio de R$ 158 mil.
Ainda mais desigual
A pesquisa mostra que o nível de desigualdade social aumentou na pandemia – enquanto os ricos perderam menos de 1% do ganho, a classe média perdeu pouco mais de 4%. E quem já estava na pobreza encontrou a miséria.
Na favela do Parolin, em Curitiba, moram pelo menos 15 mil pessoas – a população vem aumentando nos últimos tempos, principalmente depois da pandemia.
Em um dos becos da favela, numa casinha quase caindo, mora Odair Firmino, de 63 anos. O vendedor de balas nunca precisou declarar o Imposto de Renda – até porque nunca ganhou o suficiente pra isso.
“A gente vive no suficiente de se defender, comer, beber e não deixar faltar.. Mas de vez em quando, falta. De vez em quando falta arroz, falta comida.”
O presidente da Central Única das Favelas no Paraná (Cufa-PR), José Antônio Jardim, afirma como a pesquisa evidencia a pobreza na Grande Curitiba.
“Ela evidencia o que é invisibilizado, mas está aqui, está dentro da favela, dentro desse anel de pobreza que ao longo dos anos vem se formando, em torno de Curitiba e nas grandes capitais do Brasil, que evidência essa grande massa empobrecida.”
Iracema Dos mora na favela há mais de cinquenta anos e tem visto o número de barracos aumentar.
“Tamo vendo ela crescer, dia-a-dia, hora em hora, tem gente que vai embora, e volta de volta pra cá. Aumentou bastante a pobreza aqui”, conta.
Nos becos, a vontade de sobreviver. A auxiliar de produção Eliane da Costa acolheu uma vizinha que ficou desabrigada, arranja comida para quem tem fome, mesmo ela não tendo muito para dividir.
“A gente mata um leão por dia. A cada doação que eu trago eu levo para as pessoas que tão precisando”, diz.
O economista Marcelo Neri coordenou a pesquisa e destaca como essa desigualdade regional fica escancarada.
“Quando você tem desigualdade dentro da mesma cidade, seja região metropolitana, seja no mesmo município, os efeitos da desigualdade são muito mais fortes, até sobre crime, por exemplo, sobre instabilidade politica, ela é maior quando a desigualdade é visível a olho nu.”
Portal Guaíra com informações do G1