A série documental “Vale o Escrito – A Guerra do Jogo do Bicho“, lançada recentemente na plataforma Globoplay, mergulha nas profundezas de um dos mais antigos e controversos jogos de azar no Brasil: o Jogo do Bicho. Esta prática, apesar de proibida por lei, tem se organizado nos moldes de uma verdadeira máfia, com divisões de territórios e lideranças passadas de pai para filho.
A História e os Personagens do Jogo do Bicho
A série traz um panorama histórico do Jogo do Bicho, começando com a sua estruturação na década de 1970 com a criação da “Cúpula da Contravenção”. Este grupo foi formado pelos chefões da época, que dividiram os territórios e pontos de jogos do estado entre si, evitando conflitos e fortalecendo os negócios. Com a participação dos próprios protagonistas do Jogo do Bicho, a série revela, através de sete episódios, uma narrativa repleta de fraudes, traições, prisões, vinganças e assassinatos que marcaram a história do Rio de Janeiro.
O Jogo do Bicho e o Carnaval Carioca
Um dos aspectos mais intrigantes abordados pela série é a relação entre o Jogo do Bicho e o Carnaval do Rio de Janeiro. Os líderes do jogo se tornaram patronos de escolas de samba, desempenhando um papel duplo de chefes da contravenção e benfeitores sociais. Esta influência estende-se às condições de vida nas comunidades e à profissionalização do Carnaval carioca, com importantes figuras como Milton Cunha e Neguinho da Beija-Flor comentando sobre a importância desses patronos.
Regulamentação dos Jogos de Azar no Brasil
Em meio a essa complexa teia de influências e poder, surge uma novidade legislativa. Recentemente, a Câmara dos Deputados concluiu a votação de um projeto de lei que legaliza jogos de azar como o bingo, cassino e o próprio Jogo do Bicho. Esta proposta, que segue agora para análise e votação no Senado, revoga uma lei de 1946 que proibia a exploração de jogos de azar em todo o território nacional. Atualmente, a Lei de Contravenções Penais trata os jogos de azar como contravenções, com penas que incluem prisão e multa.
O Futuro dos Jogos de Azar no Brasil
Segundo a proposta legislativa, caberá ao Ministério da Economia a formulação de políticas para organizar o mercado de jogos e apostas, além de fiscalizar e supervisionar a exploração dessas atividades no país. A exploração desses jogos como bingo, jogo do bicho e atividades de cassino será restrita a pessoas jurídicas licenciadas pelo Ministério da Economia, e as empresas terão que ter sede e administração no Brasil.
Crescimento dos Jogos Envolvendo Apostas Online
Paralelamente às mudanças na legislação das apostas físicas, observa-se um aumento significativo no setor de apostas online. Esta tendência é impulsionada por avanços tecnológicos e uma maior acessibilidade à internet. Os jogos onlinesão feitos através de cassinos virtuais que incluem jogos de cartas, caça-níqueis e possuem até mesmo jogos de bingo online disponíveis nos cassinos. Eles têm atraído um público cada vez mais diversificado, buscando conveniência e variedade de opções.
A natureza digital desses jogos facilita o acesso a uma gama mais ampla de apostas, além de proporcionar um ambiente de jogo dinâmico e interativo. Com o potencial de regulamentação dos jogos de azar no Brasil, espera-se que o mercado online também passe por uma fase de legitimação e estruturação, o que pode levar a uma maior proteção aos jogadores e garantir padrões de jogo justo e responsável.
Este crescimento dos jogos de azar online também levanta questões sobre a regulamentação e o monitoramento dessas atividades para prevenir problemas como vício em jogos e fraudes. Assim, a expansão desse setor apresenta tanto oportunidades quanto desafios para os reguladores, operadores de jogos e jogadores.
Conclusão
A série “Vale o Escrito” oferece um olhar fascinante e detalhado sobre o Jogo do Bicho no Rio de Janeiro, desvendando as complexidades de uma atividade que, apesar de ilegal, moldou de forma significativa a cultura e a sociedade carioca. Além disso, a iminente mudança na legislação sobre jogos de azar no Brasil sinaliza um possível novo capítulo na história destas práticas, abrindo caminho para um cenário onde atividades outrora vistas como contravenções podem se tornar parte do mercado formal e regulamentado.
Redação Portal Guaíra
