O fenômeno La Niña está prestes a substituir o El Niño, trazendo consigo a possibilidade do risco de seca em algumas partes do Brasil, de acordo com uma nota técnica divulgada pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden).
Autoridade climática global, o National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) divulgou projeções que sugerem uma probabilidade de 55% para a ocorrência moderada do fenômeno climático La Niña durante o trimestre de agosto a outubro.
Segundo o Cemaden, projeções indicam mudanças significativas nos padrões de chuvas e temperaturas em diferentes regiões do país.
A análise apresentada na nota técnica revela que, durante a primavera, é esperado um cenário de chuvas abaixo da média histórica na Região Sul do Brasil.
Por outro lado, regiões como o estado do Amapá e o trecho entre Minas Gerais e a Bahia podem receber chuvas acima da média.
Além disso, são previstas temperaturas inferiores aos valores médios na Região Sul e em parte da Região Sudeste, assim como no Amapá, devido ao aumento da precipitação.
Para o próximo verão, as projeções apontam para precipitações superiores à média no extremo norte do Brasil e temperaturas abaixo do normal em partes das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
No entanto, há também a possibilidade de temperaturas acima da média em áreas do leste da Região Nordeste.
É importante ressaltar que essas previsões estão sujeitas a variações conforme o desenvolvimento efetivo do fenômeno La Niña.
O que é La Niña?
La Niña é um fenômeno climático que causa o resfriamento anormal do Oceano Pacífico Tropical. Isso pode ter grandes impactos no clima global, incluindo o Brasil. A previsão é que a La Niña se estabeleça no país a partir de julho de 2024.
La Niña na agricultura brasileira
O Cemaden destaca os impactos da La Niña nas regiões produtivas do Brasil. Enquanto o Norte e Nordeste registram chuvas acima da média, o Centro-Oeste e Sul enfrentam períodos de seca. Essas variações na precipitação e na temperatura do ar podem influenciar as atividades agrícolas.
De acordo com o Cemaden, eventos recentes como em 1995/1996, 2010/2011 e 2016/2017 demonstraram impactos diferentes. Em 1995, estados como Rio Grande do Sul, Amazonas e Minas Gerais foram severamente afetados, enquanto em 2010/2011, áreas como o sul do Rio Grande do Sul e partes do Mato Grosso sofreram mais.
O evento de 2016/2017 trouxe impactos significativos para o Nordeste e Minas Gerais, especialmente na primavera. Condições de seca pré-existentes entre 2012 e 2017 intensificaram ou mitigaram os efeitos da La Niña nas áreas agroprodutivas.
Atualmente, várias regiões, incluindo o Norte, Centro-Oeste, São Paulo e Minas Gerais, enfrentam seca, prejudicando atividades como o plantio de milho, arroz e algodão. Diante desse cenário, especula-se sobre a próxima estação chuvosa, com previsão de possível melhoria no Norte, enquanto São Paulo e Mato Grosso do Sul podem enfrentar manutenção ou agravamento da seca.
No Sul, espera-se um aumento no número de municípios afetados pelas secas devido às chuvas abaixo da média previstas para o segundo semestre do ano. A incerteza quanto aos padrões de precipitação reforça a necessidade de medidas adaptativas e de gestão para enfrentar os desafios climáticos nas áreas agrícolas do país.
Quais os impactos esperados?
Região Norte e Nordeste:
- Chuvas acima da média, principalmente na primavera e verão.
- Aumento do volume de água nos reservatórios.
- Possíveis inundações e deslizamentos de terra.
Região Sul:
- Chuvas abaixo da média, principalmente no segundo semestre do ano.
- Aumento do risco de secas e incêndios florestais.
- Prejuízos para a agricultura.
Regiões Centro-Oeste e Sudeste:
- Cenário mais incerto, com chances de chuvas abaixo da média na primavera e verão.
- Possíveis impactos na agricultura, principalmente no plantio de milho, arroz e algodão.
Portal Guaíra com informações da Canal Rural