A reforma tributária e o impasse em torno da desoneração da folha de pagamento devem dominar as atenções no Congresso na volta do recesso. Para discutir esses projetos, o Jornal da Manhã recebeu o senador pelo PP, Ciro Nogueira. Ele destacou que o segundo semestre será conturbado, com a necessidade de mobilização das bases pelos parlamentares.
Em relação à reforma tributária, Nogueira afirmou que ainda não há consenso no Senado para uma aprovação rápida, apesar de ele defender a regulamentação imediata para dar tranquilidade ao mercado e à população. “Eu acho que nós deveríamos regulamentar o mais rapidamente possível para dar tranquilidade ao mercado, à população, de que não vai vir uma carga tributária mais alta para ela. Eu acho fundamental no momento em que o governo tem um viés completamente diferente, de só querer aumentar a arrecadação através de tirar mais recursos dos contribuintes. Então, eu achava que o Senado deveria votar o mais rapidamente possível essa matéria, mas eu noto que as lideranças, principalmente ligadas ao governo, o próprio relator, lutam para postergar ao máximo essa discussão”, disse Nogueira.
O senador mencionou a instabilidade política e econômica, destacando a alta do dólar e a falta de previsibilidade do Palácio do Planalto como fatores preocupantes. Ciro Nogueira também comentou sobre a articulação política do governo, que considera perdida, com disputas internas e ataques ao ministro da Fazenda. Ele ressaltou que essa situação tem gerado incertezas e afetado a economia. “O governo, infelizmente, se mostra muito perdido na sua articulação política, nas disputas internas, o seu partido atacando muito o ministro da Fazenda [Fernando Haddad]. O próprio ministro da Fazenda sem norte, a toda hora tentando aumentar a arrecadação em vez de diminuir o custo do país, o custo do governo”, criticou. “Isso vai afetar a questão inflacionária em pouco tempo e aí vai vir mais medidas de tentar aumentar a arrecadação. É um governo sem previsibilidade, que nos preocupa muito nesse atual momento do país e do mundo.”
A questão ideológica também foi abordada, com Nogueira criticando o apoio do presidente Lula a regimes autocráticos, como o de Nicolás Maduro na Venezuela. “Deu-se um golpe de Estado porque uma pessoa que perdeu a eleição fraudou o processo eleitoral. E o Brasil, de forma inexplicável, se tornando cúmplice. São pessoas que não podem ficar contra esse regime por conta do que fizeram no verão passado. Só pode ser isso, porque o Lula assumir o papel de porteiro de ditaduras no mundo não tem outra explicação”, declarou o senador. Ele defendeu a convocação do chanceler Mauro Vieira ao Senado para explicar a posição do Brasil. O senador afirmou ainda que o governo Lula não representa a maioria da população e que o Congresso deve reagir a essa postura. Por fim, Nogueira expressou preocupação com a falta de um projeto claro do governo e a possibilidade de o Congresso ser responsabilizado pelos fracassos do Executivo. Ele destacou a necessidade de um nome forte para a presidência da Casa Alta que possa resistir à pressão do governo.
Portal Guaíra com informações da Jovem Pan