O laudo que vai apontar a causa da morte da bebê de 8 meses retirada do próprio velório, em Santa Catarina, depois que familiares afirmaram tê-la visto mexer a mão vai ficar pronto em 30 dias, informou o Ministério Público nesta sexta-feira (25). O órgão investiga se houve negligência no atendimento e o que causou o óbito. A bebê teve a morte atestada na madrugada de sábado (19).
No mesmo dia, a investigação foi aberta para apurar se a criança havia sido velada viva. Uma perícia de urgência, feita no domingo (20), descartou que ela tivesse sinais vitais reais durante a cerimônia de despedida, apesar de batimentos fracos e temperatura corporal normal constatadas pelos bombeiros.
Segundo o Ministério Público, após a conclusão do laudo sobre a causa da morte, o órgão vai avaliar quais medidas tomar em relação ao caso. Pediatra ouvido pelo g1 explicou que movimentos involuntários podem ocorrer após o óbito.
Investigação
O pai da bebê relatou ter levado a filha ao hospital na noite de quinta-feira (17), quando o médico a diagnosticou com uma virose, segundo o MP. Foi aplicado soro, e a paciente foi liberada com receita médica.
Dois dias depois, no entanto, a menina voltou a passar ma. Na madrugada de sábado ela foi levada de volta ao hospital, onde o mesmo médico constatou o óbito, por volta das 3h.
O profissional teria dito à família que a causa da morte foi asfixia por vômito. Porém, na declaração de óbito consta desidratação e infecção intestinal bacteriana, o que também deve ser esclarecido na apuração. A investigação está em sigilo, por se tratar de criança.
Polícia Científica descarta que bebê estava viva
A Polícia Cientifica descartou que a bebê estivesse viva durante a cerimônia. O laudo pericial, divulgado na segunda-feira (21), concluiu que o tempo de morte é compatível com o horário do óbito atestado no hospital.
A Polícia Civil, outro órgão ligado à Secretaria de Segurança de Santa Catarina, instaurou inquérito para apurar as causas e as possíveis responsabilidades sobre o fato. A corporação disse que ouvirá todos os envolvidos, mas não passá detalhes do caso.
O que bebê apresentou no velório
O Corpo de Bombeiros foi acionado na noite sábado e examinou a criança com um estetoscópio. Em relatório à imprensa, os socorristas informaram que a menina tinha batimentos fracos e, em seguida, fizeram um teste nas pernas da bebê, e elas não apresentavam rigidez.
No entanto, o bebê tinha pupilas contraídas e não reagentes – quando não respondem à luz e sugerem a morte da paciente – e edemas no pescoço (inchaços) e atrás das orelhas.
Movimentos involuntários
O pediatra João Guilherme Bezerra Alves explicou que parece possível que um bebê, ou qualquer pessoa, tenha movimentos involuntários após a morte.
“Esses movimentos podem ocorrer devido à atividade residual nos músculos, como espasmos, contrações musculares ou liberação de gases. No caso de bebês, cujos músculos e sistema nervoso ainda podem estar mais reativos, esses espasmos podem ser mais perceptíveis”.
Ele esclareceu: “Esses movimentos, chamados de rigor mortis ou espasmos cadavéricos, são causados por reações químicas nos músculos que ainda ocorrem por um curto período após a morte, antes que o corpo entre em um estado de rigidez”.
Ele destacou, contudo, que essas situações não querem necessariamente dizer que a pessoa não está morta.
“É importante notar que, embora possa parecer que o corpo esteja se movendo, esses movimentos são puramente reflexos involuntários e não indicam qualquer sinal de vida”.
O que diz a perícia
“O Laudo Pericial que detalhada todos os achados periciais, foi emitido ainda no domingo, 20/10, e conclui que as evidencias de tempo de morte são compatíveis com a hora inicial determinada da morte, no dia 19/10/2024, às 03:17h, atestadas em ambiente hospitalar por profissional médico, descartando a hipótese de que a criança estivesse viva poucas horas antes do acionamento da perícia”.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Correia Pinto, por meio da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, se solidariza com a família neste momento de dor e esclarece que a paciente deu entrada no hospital por volta das 3 horas do dia 19 de outubro de 2024. O atendimento foi realizado pela equipe plantonista, que constatou o óbito da criança.
Mais tarde no mesmo dia, por volta das 19 horas, a criança foi novamente trazida ao hospital pelo Corpo de Bombeiros Municipal, com relato de sinais de saturação. A equipe médica, mais uma vez atendeu a criança, e foi constatado o óbito.
Portal Guaíra com informações do G1