O autor de um dos casos que mais repercutiram no Acre no ano de 2012 está foragido do presídio de Cruzeiro do Sul há dois anos. O produtor rural João das Chagas Ribeiro Mourão, de 68 anos, estava preso desde 2012 no presídio Manoel Neri, em Cruzeiro do Sul, e fugiu em novembro de 2019, quando havia regredido para o regime semiaberto.
O homem foi preso em 2012 após ser flagrado vivendo maritalmente com a própria filha e ter com ela seis filhos. Na época, a filha então com 31 anos foi resgatada na comunidade Lago dos Paus, no Rio Gregório (AM). Até 2015, ela morava em Cruzeiro do Sul com os filhos e não tinha mais nenhum contato com o pai. O g1 contou essa história na época. Por segurança, atualmente, o endereço dela é confidencial.
O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen) informou que no dia 4 de novembro de 2019 o homem foi para o regime semiaberto e que deveria ter se apresentado ao monitoramento eletrônico no dia seguinte, mas nunca o fez.
Como ele estava já no regime semiaberto, segundo o Iapen, não há obrigatoriedade de uma equipe acompanhá-lo. Na época, chegaram a fazer buscas, mas sem sucesso. No começo deste mês, completou dois anos desde que ele não foi mais visto.
Com um mandado de prisão em aberto no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões, ele só pode ser preso se for pego em alguma operação ou se for identificado por algum desses órgãos.
Relembre o caso
O idoso vivia como marido da própria filha entre 2002 e 2012. “Eu engravidei oito vezes, mas os dois mais velhos morreram. Não sabia que era errado, não entendia nada disso. Só percebi que tinha algum problema quando meus filhos começaram a ter deficiência. Sabia que eles não eram normais”, contou ao g1 em 2015.
Todos os filhos de Júlia apresentavam alguma deficiência. Como moravam em um seringal, ela conta que quase nunca ia na cidade e que o pai a fazia guardar segredo da relação dos dois.
O homem recebeu uma pena de 22 anos de prisão e se dizia arrependido. Em 2015, o g1 entrou no presídio para entrevistá-lo. Durante a entrevista, ele chorou e disse que sentia falta dos filhos.
João contou que passou a se interessar pela filha quando ela tinha 20 anos. Porém, ele alega que os anos vividos com a filha foram com o consentimento dela.
“A culpa que eu tenho, ela tem também. Porque ela saía da rede dela para ir para a minha. Eu nunca fui atrás, tanto que na primeira vez que ela foi na minha rede eu não quis fazer nada, mas na segunda eu fiz o serviço”, alega. Nesse período, ele diz que já estava separado de sua mulher e morava com um filho nas terras no seringal Bacurim, no Amazonas.
Sobre a relação com seus filhos/netos, ele conta que sempre os tratou bem. “Não deixava faltar alimento, quero bem meus filhos”, contou na época.
João também alegou que não sabia que era errado viver maritalmente com a própria filha e ressaltou ainda que casos assim eram comuns.
“Onde eu morava, não era somente eu que cometia esses erros. Lá tem muita gente que vive com sobrinhas e filhas. Naquele seringal estava sendo muito comum.”
Portal Guaíra com informações do G1