A mulher que foi espancada pelo marido após flagrá-lo beijando outra, enquanto os três estavam em um restaurante, relatou como aconteceram as agressões na madrugada de domingo (21).
A vítima, Ariele de Almeida Rocha, de 36 anos, levou socos no rosto, chutes na barriga, foi enforcada, imobilizada e teve a mão atingida por marteladas pelo marido.
O suspeito, Jonatha de Amorim Souza, de 36 anos, foi detido na segunda (22) pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Até a última atualização desta reportagem, o g1 não havia conseguido contato com a defesa do marido da vítima.
As agressões só terminaram depois que vizinhos ouviram gritos e chamaram a Polícia Militar. No local, os PMs ameaçaram arrombar a porta da residência, mas Jonatha deixou os militares entrarem. Ariele relatou o espancamento e disse que só recobrou a consciência quando a polícia chegou ao local.
“Ele subiu na minha garganta e me enforcou, eu perdi a consciência. Eu ouvi, bem longe, alguém dizendo ‘abre, abre a porta, vamos entrar aí’. Ele mesmo abriu a porta do apartamento. Foi aí que eu me levantei e saí correndo. E ele disse: ‘quero ser levado para a delegacia’”, contou Ariele.
Ariele possui hematomas em todo corpo. À polícia, Jonatha alegou que apenas a imobilizou, e que as lesões foram provocadas pela própria vítima.
Marcelo Sobral, advogado de Ariele, reforça que a vítima ficou sem respirar e desmaiou. Ele diz que ela chegou a implorar para que Jonatha usasse a arma de fogo.
“Ele é praticante de Jiu-Jitsu, de MMA, assim como ele alegou no depoimento dele. Ele diz que ela que teria produzido as lesões que nós percebemos nas imagens, algo que realmente é difícil de explicar. Chegou um momento em que ela pediu para que ele usasse a arma de fogo, porque ela já não aguentava mais. Ele disse que não ia usar, porque ela ia morrer muito rápido”, relata o advogado da mulher.
Ariele e Jonatha têm 19 anos de relacionamento. Juntos, possuem uma empresa de assistência técnica de equipamentos industriais. Segundo o advogado da vítima, esse não teria sido o primeiro caso de agressão de Jonatha contra Ariele. Ela confirmou que já sofreu empurrões e ofensas verbais.
Vítima flagrou traição
Ariele saiu para jantar com Jonatha na noite de sábado (20), e ele levou uma amiga. Jonatha teria dito à Ariele que a outra mulher era uma amiga que precisava de apoio após o término recente de um relacionamento.
Durante o tempo em que estiveram no restaurante, Ariele teria ido ao banheiro e, quando retornou, flagrou Jonatha e a suposta amiga aos beijos.
“Fui questionar ele o que estava se passando, o que estava ocorrendo. Ele disse: ‘Me largue'”. conta Ariele. “Ele começou a dizer que era solteiro, sendo que nós temos 19 anos de relacionamento e 16 que moramos juntos. Nos conhecemos adolescentes, temos duas filhas, uma de 13 e uma de 8.”
Ainda no estabelecimento, o casal começou a discutir e foi expulso do restaurante. Os três deixaram o local e foram em direção ao apartamento onde moram Ariele e Jonatha, no bairro do Imbuí, em Salvador. A mulher com quem Jonatha teria traído Arielle subiu pelo elevador do prédio junto com o casal. Ela já foi identificada pela polícia e deve ser intimada para depor.
“A amiga subiu no elevador, tentando acalmar”, conta a vítima. “Como não conseguiu, no meu andar, dentro do meu apartamento, começaram as discussões. Ela não conseguiu interferir e foi embora. As discussões foram acaloradas, começaram os espancamentos no rosto, no corpo, enforcamentos, chute.”
Suspeito teria tentado dopar vítima
Marcelo Sobral, advogado de Ariele, diz que Jonatha teria tentado dar um tranquilizante para Ariele após as agressões.
“Ele tentou colocar um tranquilizante da boca dela, para tentar fazer com que ela não chamasse a polícia, ela conseguiu derrubar uma mesa de vidro e gritar por socorro, foi aí que os vizinhos conseguiram ouvir e ligaram para polícia, e a Polícia Militar chegou rapidamente, fazendo com que a gente não noticiasse um feminicídio consumado”, revela.
Marcelo ainda disse que o suspeito teria ficado agressivo depois que os três foram expulsos do restaurante.
“O agressor começou a culpar a vítima por ter sido expulso do estabelecimento, e dentro do apartamento, ainda com essa amiga, ele iniciou as agressões. Essa amiga, infelizmente saiu do apartamento e não chamou a polícia.”
Portal Guaíra com informações do G1