Marechal Cândido Rondon está prestes a representar a Ordem DeMolay do Brasil diante do mundo. Isso porque, amanhã (03), o rondonense Dhieison Giovani Gruhn, de 20 anos, será instalado mestre conselheiro nacional da entidade.
Membro do Capítulo de Marechal Rondon há seis anos, Gruhn foi eleito para representar as mais de 40 mil pessoas envolvidas na Ordem DeMolay no país pelo próximo ano e, segundo ele, o sentimento é de felicidade. “Meu foco sempre foi trabalhar por trabalhar, nunca tinha intenção de ocupar cargos. Foi uma oportunidade que apareceu por conta de todo o trabalho prestado. É um empenho de muitos anos sendo reconhecido e é gratificante saber que existe essa confiança por parte dos DeMolays do Brasil”, destaca ao O Presente.
Uma vez assumido o cargo, o rondonense, morador da Linha Ajuricaba, afirma que as responsabilidades ficam ainda maiores. “Agora será mais difícil, porque quando você ocupa um cargo fica mais complexo. Exige muita firmeza e segurança nas ações, uma postura ilibada e de respeito a todos para bem cumprir a função de representatividade. Para além da felicidade, é um dever e uma responsabilidade”, ressalta, emendando que, para a representação ser efetiva, ele conta com uma equipe mista: “O mestre conselheiro nacional adjunto é de Minas Gerais e o secretário é do Ceará”.
O EVENTO
A cerimônia, em virtude da pandemia, acontece de maneira virtual e é aberta ao público. Com transmissão a partir das 18 horas deste sábado, o evento pode ser acompanhado pelo YouTube (www.youtube.com/user/OrdemDeMolayBrasil).
Gruhn diz que no evento acontece a sessão anual, em que as lideranças são instaladas e são escolhidas as diretrizes da ordem para o próximo ano. “O tema favorito é o da reconstrução da Ordem DeMolay, bem como da sociedade como um todo. A pandemia tem deixado muitas mazelas e a ordem pode agir nesse sentido”, pontua.
20 ANOS EM MARECHAL RONDON
Past mestre conselheiro nacional adjunto e atualmente sênior da Ordem DeMolay, João Eduardo dos Santos (Juca), que acompanhou Gruhn na visita ao O Presente, enaltece que a ordem brasileira é a maior do mundo, com mais células municipais e pessoas vinculadas. “A ordem começou em 1919 e tem 102 anos. No Brasil, ela foi fundada em 1980 e completa 41 anos em agosto”, menciona, acrescentando que, em âmbito local, existe até um dia municipal em homenagem aos DeMolays.
Por ser uma entidade discreta, por vezes a população não a conhece e nem mesmo se inteira das ações realizadas. Juca explica que se trata de um clube de serviço juvenil que tem como objetivo criar líderes, jovens e meninos que tenham impacto e façam diferença na sociedade. Capítulos são como se denominam as células municipais e, em Marechal Rondon, há o Capítulo Nilton Ricardo Lang nº 486, desde 2001, com cerca de 30 participantes ativos, entre DeMolays e seniores. “Neste sábado, nossa célula completa 20 anos de fundação no município”, comenta Juca. “A parte juvenil é a mais importante da ordem e os maiores de 21 anos atuam na parte administrativa”, explica.
DESTAQUE ESTADUAL E NACIONAL
Marechal Rondon tem garantido lugares de destaque na ordem nos últimos anos, afirma o ex-mestre conselheiro nacional adjunto. “Tivemos apenas três paranaenses como mestres conselheiros nacionais: um em 2004, eu e agora o Dhieison. É um feito histórico”, enaltece Juca, que é vereador em Marechal Rondon. “Nos três últimos anos, o município esteve na liderança da Ordem no Estado. Temos 53 capítulos no Paraná, então não é uma coisa comum”, amplia.
De acordo com o mestre conselheiro nacional eleito, o capítulo rondonense tem visibilidade devido aos serviços prestados. “Quando falamos sobre assumir cargos, temos que pensar que são todos eletivos e em uma eleição o que vale é o trabalho. A Ordem DeMolay tem uma política limpa, baseada no esforço, no serviço e no mérito da pessoa. Nosso capítulo funciona muito bem, trabalha e é reconhecido em nível nacional. Apesar da nossa cidade ser pequena, é um capítulo que presta muitos trabalhos e promove vários eventos”, aponta Gruhn. “Como mestres conselheiros nacionais, viajamos para todos os Estados e, com isso, levamos o nome do município. Ninguém sabe onde fica Marechal Rondon e a referência é sempre a proximidade com o Paraguai”, relembra Juca, com bom-humor.
Ex-mestre conselheiro nacional adjunto e atualmente sênior da Ordem DeMolay, João Eduardo dos Santos (Juca): “Tivemos apenas três paranaenses como mestres conselheiros nacionais: um em 2004, eu e agora o Dhieison. É um feito histórico. Nos três últimos anos, Marechal Rondon esteve na liderança da Ordem no Estado. Temos 53 capítulos no Paraná, então não é uma coisa comum” (Foto: O Presente)
“SEGREDOS” DA ORDEM
Ao contrário do que popularmente se propaga, Juca garante que a Ordem DeMolay não é uma “maçonaria mirim”. “Somos apenas apadrinhados pelos maçons e utilizamos o ambiente da loja maçônica”, expõe.
O ex-mestre conselheiro destaca que a Ordem DeMolay segue sete virtudes bases. “Primeiramente, amor filial, de respeito aos pais. Depois, reverência pelas coisas sagradas, porque para ser DeMolay é preciso ter uma religião, ao contrário do tabu que existe. Terceira virtude é a cortesia. Quarta o companheirismo, visto que nos tratamos como irmãos e nos vemos como uma família”, salienta.
A fidelidade é a quinta virtude e, segundo Juca, daí provêm algumas mistificações sobre a ordem. “Nos comprometemos a guardar segredos, mas não são nada de mais: palavras, gestos e modos de conhecimentos da ordem. Para um menino isso é algo legal de receber, porque vai ser algo só dele, só quem é DeMolay sabe e tem essa forma de se reconhecer”, expõe.
Por fim, as últimas virtudes da ordem são, de acordo com ele, a pureza de palavras, pensamentos e ações e o patriotismo. “Entendemos que o problema não é o Brasil, mas, sim, os brasileiros”, salienta.
QUEM PODE PARTICIPAR
Participam da Ordem DeMolay adolescentes de 12 até jovens de 21 anos de idade e a integração acontece por meio de convite. “Olhamos se o menino tem potencial. Não precisa ser um exemplo desde pequeno, porque aqui nos desenvolvemos, mas procuramos pessoas tranquilas e alinhadas, que saibam respeitar valores. A pessoa precisa ser indicada por um DeMolay ou um maçom”, menciona Gruhn.
As reuniões acontecem todos os sábados, às 14 horas, e são fechadas, em sua maioria. “As reuniões são ritualísticas. Existe uma forma de entrar, de se cumprimentar, de sentar etc. É um padrão. Há reuniões públicas em que todos podem ir, mas agora acontecem menos por conta da pandemia”, finaliza.
A reportagem é do jornal O Presente