O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, na quinta-feira (19), que a atual conjuntura da economia do Brasil permite que a Selic, a taxa básica de juros do país, seja reduzida novamente. O indicador, estabelecido pelo Banco Central, foi cortado nas duas últimas definições da instituição financeira, depois de alcançar o patamar mais alto da história. A taxa Selic estava em 13,75% desde agosto de 2022. O BC reduziu o indicador para 13,25% no início de agosto deste ano e para 12,75%, atual valor, no fim de setembro.
“Temos gordura aqui na política monetária, mas alguns países ainda estão com taxas de juros negativas e com inflação, o que não é nosso caso. Nossa inflação está caindo e nosso juro real é dos mais altos do mundo, então temos espaço na política monetária para possíveis novos cortes”, declarou.
Haddad negou, contudo, que a observação tenha o intuito de forçar novas reduções. “Não estou fazendo aqui pressão sobre o Banco Central, estou dizendo que existe, efetivamente, espaço”, completou. O presidente da instituição, Roberto Campos Neto, era alvo constante de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lula e Campos Neto se encontraram pela primeira vez desde o início do mandato do petista somente após as duas reduções consecutivas na Selic. O presidente da República chegou a se referir ao chefe da autoridade monetária como “este cidadão”, “tinhoso” e “teimoso”.
Na contramão do que deseja o governo, logo após a última queda da Selic, o BC descartou a possibilidade de reduções bruscas na taxa. Em documento assinado pelos diretores do Comitê de Política Monetária (Copom), grupo responsável por avaliar a Selic, a instituição prevê a manutenção do ritmo de cortes para as próximas reuniões.
“O comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, avaliou o BC, que condicionou as reduções dos juros ao cumprimento da meta fiscal.
Críticas de Lula ao Banco Central
Em setembro, o petista chegou a insinuar que Campos Neto mantém diálogos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “É importante vocês saberem que o presidente do Banco Central não foi indicado por nós, foi indicado pelo governo anterior. O Banco Central é autônomo, não tem mais interferência da Presidência da República, que podia chamar o presidente do BC e conversar. Este cidadão, se conversa com alguém, não é comigo. Deve conversar com quem o indicou”, declarou Lula durante agenda no Ceará. Por muitas vezes, coube ao ministro Haddad o papel de “bombeiro”.
Portal Guaíra com informações do R7