Mãe e filha, as moradoras de Curitiba Scheila Wrubel Pinheiro, de 49 anos, e Brenda Wrubel Pinheiro, de 21 anos, concluíram juntas o curso de pedagogia na Universidade Federal do Paraná (UFPR). No mês passado, elas apresentaram o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que também fizeram juntas.
Brenda foi a primeira a entrar na graduação, em 2018. Durante o cursinho, decidiu prestar vestibular para pedagogia. Segundo ela, a escolha foi uma surpresa para os familiares. “Nem todas as pessoas me apoiaram”, recorda.
No primeiro ano, a filha estudou “sozinha”. Durante o período, Scheila definiu que tiraria do baú dos sonhos um antigo: fazer a inscrição para o vestibular, o que ocorreu daquele ano mesmo. Sem curso preparatório, deixou o medo de lado e topou o desafio.
A mãe afirma que sempre gostou de estudar, mas, por conta da gravidez na juventude, decidiu não dar continuidade aos estudos. Tampouco tinha condições de pagar uma faculdade privada, segundo ela. “Decidi me dedicar à família e a trabalhar. Precisei trabalhar e deixei o sonho para mais tarde. Cheguei a pensar que nunca iria realizá-lo”.
A aprovação de Scheila no vestibular foi recebida com espanto e euforia pelas duas. Ao saber da classificação, a mãe de Brenda não conteve a emoção. A filha, no início, apresentou um pouco de resistência diante da ideia de cursarem o mesmo curso e na mesma universidade. “A Brenda acreditava que não seria bom para a nossa relação estarmos juntas nesse contexto”, explica.
Scheila já havia sido aprovada em Pedagogia em 2012 na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), quando a filha tinha 11 anos. Chegou a frequentar as aulas, mas, como havia sido selecionada também em Administração pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), optou por trancar a graduação.
Mesmo chegando depois, Scheila acabou ficando na mesma sala que a filha em uma das disciplinas. E, naquele momento, elas se reconheceram parceiras também nos estudos, uma ajudando a outra.
“Descobrimos um novo tipo de relação que foi muito prazerosa. E decidimos fazer todas as disciplinas possíveis juntas”, conta a mãe.
Durante a graduação, mãe e filha viram-se conectadas e encantadas pela alfabetização. E foi nessa fase que perceberam que tinham os mesmos pensamentos e interesse de se tornarem professoras alfabetizadoras. Juntas, realizaram a residência pedagógica e um projeto de alfabetização.
“Quando fomos fazer o estágio com a professora Leziany, resolvemos que tínhamos que abordar essa questão – a da temática da alfabetização e da escrita espontânea. Queríamos ver como era tal processo dentro da Prefeitura de Curitiba”, explica Scheila.
O desejo de realizarem o TCC em conjunto veio, então, como consequência da empreitada vivenciada lado a lado. “O lugar da escrita espontânea na alfabetização e letramento nos anos iniciais do ensino fundamental no município de Curitiba: o que dizem alguns documentos, o que falam professoras e pedagogas” foi o título escolhido para o trabalho. A dissertação foi elaborada a partir de entrevistas realizadas com pedagogas e da aplicação de um questionário com professores da rede municipal.
“Foi uma coisa bem prazerosa pra gente, eu gostei muito. Só tenho a agradecer, sou imensamente grata por ter tido oportunidade de fazer a faculdade com minha filha. E por ter realizado o TCC com uma temática que nos interessa tanto”, afirma Scheila.
Animada, Brenda já pensa em dar continuidade aos estudos e se especializar em educação ambiental e ensino bilíngue. “Gosto de estar em sala de aula, quero continuar como professora e me desafiar com novas faixas etárias”, conclui. Brenda trabalha em uma escola como professora auxiliar de educação infantil, e a mãe dá aulas de reforço para turmas do ensino fundamental, em um outro colégio.
Portal Guaíra com informações da Ric Mais