Existe uma ideia bastante difundida de que os anos com Copa do Mundo são problemáticos. Talvez porque coincidam com a época das eleições majoritárias e legislativas, o que resulta em dois eventos de alcance nacional, importantes e arrebatadores de emoções em uma mesma temporada. E 2022 se enquadra nesse caso – teremos Copa e teremos eleições. Mas, pela primeira vez, vamos votar antes de torcer, já que para evitar o calor extremo no verão do Qatar, decidiu-se disputar o torneio no inverno do hemisfério norte, mais precisamente em novembro/dezembro.
Em termos de calendário futebolístico brasileiro, é uma grande mudança. Pela primeira vez não será necessário paralisar as competições nacionais e continentais para estender o tapete à maior das datas Fifa. Todos poderão disputar suas partidas, ainda que os certames tenham que acabar um pouco antes do habitual. Nada preocupante, nem de perto comparável ao que aconteceu nos últimos anos, com campeonatos começando quatro dias após o anterior.
Há quem se preocupe com a condição física dos jogadores. Afinal, os atletas que atuam aqui estarão em fim de temporada, fisicamente esgotados, enquanto os rivais europeus estarão no meio de seus campeonatos, em pleno vigor físico. Mas há dois pontos que devem ser lembrados. Primeiro, a grande maioria do escrete canarinho joga na Europa e, portanto, estará em paridade de condições com os adversários. E, depois, as últimas quatro edições da Copa foram vencidas por europeus em final de temporada. Não faltou pernas para eles…
Afora uma ou outra contusão de última hora – quem não se lembra de Emerson em 2002? – o mais provável é que os principais jogadores cheguem à Copa bem preparados. Até porque as seleções vêm disputando as eliminatórias, com jogos a cada dois meses. E enquanto os classificados para o Mundial não são definidos, sites de apostas como a Betway analisam os desempenhos das seleções, tanto nas eliminatórias quanto nos torneios continentais como a Copa Africana de Nações, ambos bons indicadores de como cada país deve chegar ao Qatar. Para os adeptos das apostas de futebol, informação de qualidade é crucial e, para muitos, esse é um trabalho de longo prazo. Então, para além do resultado, o site oferece estatísticas das partidas, histórico de confrontos e até mesmo uma linha do tempo dos eventos no campo.
Mas, de volta ao Brasil, a Copa em novembro/dezembro é um bom negócio para quem não joga a competição? A imensa massa de jogadores das centenas de clubes espalhados por todo o país terá algum benefício? Aparentemente, sim. Picar uma competição no meio é sempre um problema, como se viu com as paralisações dos últimos anos. Estraga a parte técnica e também a financeira, afinal, atleta parado ainda recebe, mas o clube não fatura. No fim do ano, contratos expiram ou, no melhor dos casos, pode-se dar férias para o elenco mais cedo.
Parece, portanto, que a Copa do Mundo no final do ano é uma boa pedida. Porém, ainda que seja, os habitantes do hemisfério sul não devem se animar demasiadamente. O que acontecerá em 2022 é a exceção, não a regra. Para 2026, os jogos voltarão ao verão do hemisfério norte, com jogos no Canadá, EUA e México. Para 2030, mesmo sendo disputada na América do Sul, a tendência é que permaneça em julho.
Isso se as coisas não mudarem. Em sua sanha de mais espetáculos para venda de patrocínio, a FIFA pensa seriamente em realizar a Copa a cada dois anos. Seria mais uma mudança dramática, do tipo que só se vê em ocasiões muito peculiares, e que não conta com o apoio nem da UEFA, nem da Conmebol. Como justificativa às críticas, o presidente da FIFA afirma que esse novo modelo não diluirá a magia do torneio. E o que seria uma Copa sem europeus e sul-americanos…? Mas, se a ideia vingar, o calendário do futebol brasileiro vai ser picotado ano sim, ano não. E sempre com eleições, já que as novas edições bateriam com os sufrágios municipais. E com as Olimpíadas…. E aí teríamos os anos bissextos verdadeiramente problemáticos. Mesmo com um dia a mais em fevereiro.
Redação Portal Guaíra