A advogada Amanda Partata, indiciada por matar o ex-sogro e a mãe dele e por tentar matar tio e o avô do ex, pesquisou na internet sobre como o veneno agia. No dia do crime, ela pesquisou por “qual exame de sangue detecta” o veneno e um dia antes ela buscou por “tem como descobrir envenenamento” e se a substância que ela colocaria nos potes tinha gosto, conforme mostra a investigação.
As pesquisas incluíram “análise de material biológico”, “intoxicação alimentar mata” e “hepatomegalia”. Conforme o documento obtido pelo g1 , a investigação concluiu que ela premeditou e estudou para praticar o crime.
De acordo com a investigação, a advogada comprou 100 ml do veneno, quantidade suficiente para matar várias pessoas. O laudo da Polícia Científica apontou que a substância foi colocada em dois potes de bolo. A Polícia Científica disse ainda que o veneno é considerado ‘potente’. Mesmo em pequenas doses, a substância é tóxica e letal, e não tem sabor nem odor, ou seja, não é possível ser percebida.
O envenenamento aconteceu no dia 17 de dezembro, quando Amanda foi até a casa da família do ex-namorado levando um café da manhã, com pão de queijo, biscoitos, suco e bolos de pote. Três dias depois, Amanda foi presa, quando negou ter cometido o crime. Segundo a polícia, ela fingiu passar mal durante o depoimento.
Outros familiares
Segundo a polícia, Amanda Partata ofereceu do café da manhã para outros integrantes da família. Em depoimento, o tio do ex-namorado dela, de 60 anos, afirmou que recusou o bolo porque perderia o apetite para o almoço. Já o avô, de 82 anos, prestou depoimento à Polícia Civil (PC) dez dias após o crime, em 27 de dezembro, e disse que não comeu o bolo por ter diabetes.
Durante o depoimento, o idoso revelou que a esposa também tem diabetes e, por isso, pensou em pedir que Amanda não desse o doce para Luzia. Porém, segundo ele, como sempre foi muito simples, não teve coragem de desagradar a advogada. João também disse que viu a esposa e o filho ‘agonizarem de dor’ após comerem bolos envenenados.
Laudo da perícia
A perita criminal Mayara Cardoso informou que foi realizado um exame toxicológico em amostras coletadas no local do crime e amostras retiradas dos corpos das vítimas. Ao todo, foram feitos mais de 300 testes para agrotóxicos, remédios e outras substâncias – todos apontaram negativo.
Após a polícia ter acesso à nota fiscal da compra do veneno, a perícia conseguiu testar e confirmar a presença dele nos corpos de Leonardo e Luzia.
O nome da substância não foi divulgado. Foram analisadas quatro amostras de bolo, das quais duas estavam contaminadas. Também foram analisadas colheres, sucos e outros itens encontrados no local. A substância não foi encontrada no suco do café da manhã da família.
Investigação
Conforme a Polícia Civil, na manhã de 17 de dezembro, Amanda Partata foi até a casa da família do ex-namorado levando um café da manhã, com pão de queijo, biscoitos, suco e até bolos de pote de uma famosa doceria de Goiânia.
Mais de 50 horas de vídeos de câmeras de segurança, documentos, quebra de sigilo fiscal e depoimentos foram analisados na investigação da Polícia Civil. Ao todo, foram 12 dias de investigação. Os vídeos de câmeras de segurança são desde o dia 14 de dezembro, quando Amanda viajou de Itumbiara para Goiânia, até 20 de dezembro, dia da prisão dela.
Entre as imagens, estão:
- Amanda chega a Goiânia e se hospeda em um hotel, no Setor Marista
- Ela faz compras e gasta R$ 3 mil em uma loja de grife
- Suspeita compra flor e alimentos para o café da manhã com a família em um empório da capital
- Imagens do elevador do hotel mostram Amanda com uma caixa em que está o veneno que comprou
- Vídeo mostra chegada da advogada na casa da família que é recebida pelo ex-sogro com abraço minutos antes de envenená-lo.
Desabafo
O médico Leonardo Pereira Alves Filho, ex da advogada e filho de uma das vítimas, se pronunciou sobre o caso pela primeira vez na tarde do dia 26, após prestar depoimento à polícia. Ao lamentar a morte do pai e da avó, ele disse nunca ter imaginado algo que justificasse “tamanha brutalidade”.
“A gente nunca imaginava qualquer coisa que justificasse tamanha brutalidade. E a gente tá vivendo nosso luto. Tem sido muito difícil”, desabafou o médico.
Portal Guaíra com informações do G1 GO