A Polícia Federal (PF) divulgou na manhã de sexta-feira (10) o número de presos até o momento na Operação Capital, deflagrada nas primeiras horas da manhã de ontem para desarticular o crime de contrabando de cigarros na fronteira com o Paraguai. Dos 66 mandados de prisão expedidos pela justiça, 57 foram cumpridos, entre eles oito policiais militares, todos de Guaíra, conforme a PF.
De acordo com a corporação, foram apreendidos dezenas de rádios comunicadores, 25 veículos, um trailer, uma lancha motor 200 HP, uma moto BMW, dois tratores, um caminhão e uma picape Ram 2500. E mais: 70 vacas, cavalos de raça, fuzis, espingardas e R$ 380 mil em espécie. Os cavalos, de acordo com a PM, estão avaliados em R$ 500 mil.
As prisões aconteceram nas cidades de Guaíra, Umuarama, Altônia, Terra Roxa, Iporã, Cafezal do Sul e Francisco Alves, no Paraná. Em Balneário Camboriú-SC, houve o cumprimento apenas de busca e apreensão. O delegado Mario Cesar Leal Junior disse que até o final da tarde divulgará o número de pessoas presas por cidade.
Dos 57 presos, dois não tinham ordem de prisão expedida pela justiça, mas foram pegos em flagrante, com armas e outros ilícitos na abordagem para o cumprimento de mandados de busca e apreensão de bens.
Esta foi a maior operação já realizada pela Delegacia da Polícia Federal de Guaíra e uma das maiores do Brasil contra o crime de contrabando de cigarros paraguaios. Quatro policiais estiveram envolvidos em uma série de ações coordenadas.
Na quinta-feira (9) pela manhã, chegou a ter fila de viaturas para entregar os presos na sede do Nepom (Núcleo Especial de Polícia Marítima), em Guaíra.
O resultado da operação foi amplamente comemorado pela PF e representa um duro golpe para os chefões do contrabando de cigarros na região, que em sua maioria mantinham uma de luxo, com carros e casas de alto padrão, viagens exóticas e compras exorbitantes, o que, de certa forma, não deixava de movimentar a economia.
R$ 60,8 milhões mensais
Segundo a PF, em uma só noite os cigarreiros da região chegavam a movimentar R$ 3,8 milhões em mercadorias. Atuavam pelo menos quatro vezes por semana, o que eleva o valor para R$ 60,8 milhões mensais.
Os chefes da organização mantinham uma extensa folha de pagamento, principalmente de olheiros, além de motoristas, pilotos, carregadores e policiais militares. Estes eram pagos para fazer “vistas grossas” diante da movimentação da quadrilha, que agia de forma semelhante a uma grande empresa.
Só para se ter uma noção do poderio do crime, o valor movimentado por mês é quase 10 vezes a arrecadação do município de Altônia. Em escutas telefônicas durante as investigações, os agentes da PF constataram que a cidade era chamada de ‘capital’ pelos quadrilheiros. Daí o nome da operação.
Boa parte das movimentações eram centralizadas no município, banhado pelo rio Paraná, a poucos quilômetros da barranca com o Paraguai e bem menos visado pelas ações de segurança pública que Guaíra, por exemplo.
Sete meses de investigação
A operação é resultado de 7 meses de investigação, que resultou em farto acervo probatório, incluindo milhares de fotos. Os grupos contavam com pelo menos 100 integrantes e cerca de 80 deles atuavam como “olheiros”, alertando os líderes sobre a movimentação dos policiais que não se corromperam, por sorte a maioria.
PM promete rigor
Em nota, a PM afirmou “que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros e que cada caso será apurado com o devido rigor” e que a operação contou “com o apoio da Corregedoria da corporação, que também colocará os militares estaduais à investigação em processos internos e administrativos cabíveis”. E finalizou: “A PMPR ressalta que as armas, carregadores e distintivo dos envolvidos já foram recolhidos”.
Os investigados responderão pela prática de crimes de contrabando, participação em organização criminosa e corrupção ativa e passiva, cujas penas, se somadas, podem ultrapassar 25 anos de prisão.
Portal Guaíra com informações do OBemdito