Na terça (28), o Município de Guaíra, via SEMAS — Secretaria Municipal de Assistência Social, em seus 16 Dias de Ativismo, da campanha “Guaíra Por Elas”, realizou a palestra “Identificando Relacionamentos Abusivos”, no Auditório Amauri Lopes.
Para dar início ao evento, o palco teve o protagonismo da Companhia de Teatro Arte Marques, que desenvolveu uma peça teatral sobre a Violência Contra a Mulher, no qual representou um casal, em que o marido possuía características agressivas e abusivas, sua esposa que sofria com suas violências, e como ela poderia sair daquele cenário de violência doméstica.
A palestra contou com a presença da Assistente Social Fabiane, membro do Conselho da Comunidade e Coordenadora Técnica do Programa de Orientação Social Maria da Penha — PROSMAPE de Marechal Cândido Rondon, que em seus anos de experiência, atendeu uma média de 450 homens no âmbito de violência doméstica.
Amanda Dias, aluna de Direito e estagiária do Conselho no atendimento de violência doméstica, apresenta que segundo a Lei Maria da Penha, pressupõe-se 05 tipos de violência contra a mulher: Violência Física, Violência Psicológica: Violência Moral, Violência Patrimonial e Violência Sexual.
Fabiane prossegue a fala com uma análise do caso da modelo, empresária e apresentadora Ana Hickmann, que nos últimos dias deu seu depoimento público sobre as agressões físicas e verbais que sofria do marido.
“O caso da Ana não é diferente dos demais”, como afirma Fabiane, demonstrou um aspecto que não foge à regra da violência doméstica. Há um padrão comportamental da vítima e do autor da agressão, que não podem ser negligenciados ou normalizados.
Alguns aspectos que definem o padrão de um possível agressor são: controle excessivo sobre a outra pessoa; depreciação da imagem do outro; manipulação e mentiras, ele erra e a faz acreditar que a culpada é dela por tê-lo feito agir daquela maneira; fala aos gritos e levanta a voz.
Não há justificativa para chegar ao ponto das agressões. Quando as mulheres passam por episódios de violência, muitas vezes são incentivadas a perdoar o autor da agressão e retirar a denúncia.
“No teatro a Maria saiu viva, temos no Brasil 702 casos de feminicídios, temos um ranking em que o Brasil é o quinto no mundo que mais mata mulheres em questão de gênero”. Completa Fabiane, ao dizer que é necessário uma coletiva social e cultura para que haja uma mudança na sociedade.
A agressão não é uma patologia, são comportamentos aprendidos ao longo da vida que podem ser mudados.
Fernanda Siewes, responsável pelo setor de Medidas Alternativas do Conselho da Comunidade de Marechal, reforça em como os autores da agressão tentam contornar o contexto das denúncias para inocentá-los.
A desunião criada pela crença da rivalidade feminina faz as próprias mulheres se voltarem contra si, e fortalecem a credibilidade no homem, mesmo quando ele é o autor da agressão. Sempre há um motivo para culpar a vítima. Se os homens se protegem, as mulheres também devem se proteger.
A Lei Maria da Penha oferece medidas protetivas que podem ser concedidas para a mulher. Tem caráter preventivo e visa protege-la de ser uma vítima do feminicídio. Ela é necessária pois o tempo de uma medida legal leva cerca de dois anos para ser aprovada, e esta lei é um meio de agilizar esse processo.
A luta contra a violência deve ser do interesse de todos. Parar de fortalecer as ideias de minimizar a violência. Não invalidar a palavra de quem tá dizendo que sofreu, porque isso faz parte de um processo cultural.
O Município de Guaíra, pelo CREAS — Centro de Referência Especializado de Assistência Social, realiza o Acolhida, um programa de acompanhamento com as famílias acolhidas. No caso de violência doméstica, ajudar as mulheres a sair deste cenário, busca um olhar sensível às suas necessidades, com o auxílio de uma psicóloga e assistente social.
Guaíra iniciou o grupo reflexivo de autores de violência, com encontros temáticos, e se reúnem a fim de discutir assuntos certeiros para trabalhar essas questões de violência e comportamentos agressivos com os homens. Ajuda a encontrar formas de resolver conflitos que não tem a violência como resposta.
O Dia da Conscientização da Violência Contra a Mulher não é um privilégio, mas uma chamada para ação para os 365 dias no ano. É o momento da sociedade tirar as vendas de julgamento dos olhos, de entender que mulheres morrem por serem mulheres, mas homens não morrem por serem homens.
Este é o real significado da luta: dar a mulher seu direito à vida, sem precisar implorar à sociedade que ela merece viver.
Em casos de violência contra a mulher, DENUNCIE:
Ligue: 180
NO LINK ABAIXO VOCÊ PODERÁ ASSISTIR A PALESTRA
https://www.facebook.com/municipiodeguaira/videos/744639831021781/
Portal Guaíra com Assessoria