O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) disse em entrevista à Folha de S. Paulo, publicada nesse domingo (27), que o esquema de corrupção no Ministério da Saúde pode esconder muito mais do que já foi revelado pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado. Segundo ele, “talvez estejamos no maior esquema de corrupção de todos os tempos“.
De acordo com Miranda, o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, vê indícios de fraude também na compra de testes de covid-19, além de um total descontrole por parte do presidente, Jair Bolsonaro, sobre a pasta.
“Se existir algo realmente ilegal, não é só nessa vacina [Covaxin], é na pasta toda. O presidente Bolsonaro demonstra claramente que não tem controle sobre essa pasta“, afirmou o deputado.
Luis Miranda e o irmão prestaram depoimento à CPI na sexta-feira (25). Eles disseram que Bolsonaro mencionou o líder do Governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), quando foi informado por eles, em reunião no dia 20 de março, sobre irregularidades envolvendo o contrato de R$ 1,6 bilhão assinado pelo ministério da Saúde. O contrato, com a Precisa Medicamentos, era para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.
Na entrevista, o deputado afirmou que quem manda no ministério é o diretor de logística, Roberto Ferreira Dias, indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion e por Barros. “Nada ali acontece se o Roberto não quiser“, afirmou.
Segundo o irmão de Miranda, nas palavras do deputado, “tem uma operação grande rodando no Ministério da Saúde, de milhões agora. Envolve uma operação que na opinião dele é 100% fraudulenta“.
O deputado explicou que a operação envolve a compra de testes com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde). “Pelo que vejo aqui, é procedimento totalmente usando a Opas para fazer a jogada, com dinheiro do Banco Mundial. Querem fazer uma compra gigantesca, altamente desnecessária“, afirmou. Miranda se refere à compra de 3 milhões de testes de antígenos pelo ministério, que já estava abrindo compra para mais 14 milhões.
“Talvez estejamos no maior esquema de corrupção de todos os tempos. Que envolveria não só essa vacina, mas várias coisas no ministério. Exatamente, se o presidente não conhece o assunto, não tem interesse de conhecer, de que investigue, não tem interesse que testemunhas falem, porque ele reage fortemente contra essas testemunhas, ele quer manter a narrativa de que no governo dele não tem corrupção. Demonstra claramente um sinal para o próprio corrupto, se é que ele existe, né, de que está liberado“, diz Miranda.
Na última sexta-feira (25), Bolsonaro afirmou não haver corrupção na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo e disse que será aberto inquérito contra o deputado Luis Miranda.
Barros afirmou no domingo (27) que “não há dados concretos ou mesmo acusações objetivas” sobre seu envolvimento na compra da vacina.
Nesta semana, espera-se que a CPI da Covid mantenha a pressão sobre Bolsonaro.
As informações são do Poder360