Com a pandemia de COVID-19 e, consequentemente, o isolamento social, as telas viraram companheiras diárias. Contudo, em função dessa ampla exposição à luz azul (emitida por telas de aparelhos), a população vem apresentando problemas como insônia, vista cansada, olho seco, problemas na pele e cansaço.
Isso acontece porque as pessoas estão trabalhando mais em frente ao computador. Até mesmo as reuniões, antes presenciais, agora são feitas online. Da mesma forma, os encontros com amigos são por videoconferência e os maiores passatempos são os streamings e os programas de televisão. O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que tudo isso pode causar sérios impactos à saúde.
A especialista em oftalmologia e diretora administrativa do Grupo Awor Saúde, Dra. Adriana Bonfioli, explica que a exposição frequente a esse tipo de luz pode causar alterações na retina semelhantes às observadas na degeneração macular relacionada à idade. “Além disso, durante o uso das telas, a tendência é que os olhos pisquem menos, aumentando a evaporação da lágrima e resultando em olho seco. As consequências vão desde irritação a ardor, coceira, vermelhidão e lacrimejamento, impactando na qualidade de vida”, completa.
A pele também é prejudicada. Ficar exposto às telas contribui para a degradação das fibras de colágeno. Assim, há o envelhecimento acelerado da pele que, por sua vez, torna-se mais seca. Há, também, um maior risco para o aparecimento de manchas.
Porém, um dos impactos mais preocupantes da luz azul artificial é na qualidade do sono. “Após o anoitecer, o uso de celular, computador ou TV ‘engana’ o cérebro, que continua pensando que ainda é dia. Com isso, a produção de melatonina, hormônio que auxilia no sono, é retardada. Quando esta não se encontra em níveis adequados, o corpo não entende que é hora de descansar. O sono, então, demora a chegar e, quando chega, é inquieto e sem qualidade”, esclarece Adriana.
Um estudo do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), feito recentemente, apontou que 69,8% dos adultos apresentam algum tipo de distúrbio do sono. A média no Brasil, antes da pandemia, era de 30%. Porém, o problema não é exclusividade do país.
Uma pesquisa da Universidade de Southampton mostrou que, no Reino Unido, os problemas de insônia subiram de uma em cada seis pessoas para uma em quatro. Na China, a taxa de 14,6% subiu para 20% e, na Grécia, 40% dos entrevistados apresentaram o distúrbio.
Para evitar que a luz azul artificial prejudique o sono, é recomendado que os usuários desliguem as telas duas horas antes do horário de dormir. Quando isso não for possível, podem ser utilizadas opções de alteração de luminosidade dos aparelhos, reduzindo a exposição à luz azul. Alguns dispositivos já vêm com esse recurso, mas existem também alternativas como filtros e proteções de telas.
Portal Guaíra com informações do SBT