O protetor solar é unanimidade entre os profissionais da saúde como item indispensável na rotina. Muitos afirmam inclusive que seria preciso usá-lo dentro de casa e em ambientes fechados por causa da luz azul, emitia pela luz de celulares e computadores. Será mesmo?
Esse tipo de indicação começou a circular em 2010, quando as primeiras pesquisas sobre o tema começaram a ser feitas. Na época, surgiu a hipótese de que outras radiações além da ultravioleta (emitida pelo sol) pudessem ocasionar mudanças na pele.
Victor Infante, doutor em ciências farmacêuticas com ênfase em cosméticos pela Universidade de São Paulo (USP), explica que apesar de a luz azul causar estresse oxidativo, seus efeitos não se comparam com os da luz do sol.
Portanto, é desperdício de produto e de dinheiro aplicar protetor para ficar em locais fechados, como dentro do escritório, trabalhando no computador.
De acordo com ele, os estudos avaliaram a incidência do comprimento de onda violeta e azul em modelos de células e constataram que isso causava um aumento dos radicais livres.
Apesar disso, a quantidade de luz que vem do celular não é o suficiente para desequilibrar o funcionamento da pele e atrapalhar a função antioxidante do próprio organismo.
Para quem quer caprichar nos cuidados e não renunciar aos produtinhos, ele recomenda o uso de um antioxidante. “Pode ser um hidrante que contenha chá verde na formulação ou a boa e velha vitamina C”, diz.
Se você trabalha em um lugar com uma janela aberta por onde haja a incidência de luz, é preciso passar. Mas se há apenas uma iluminação indireta, não tem por quê. A potência de emissão dessa luz é muito baixa e não possui raios ultravioletas — são estes que causam alterações celulares e, posteriormente, câncer.
“É até uma questão econômica e de meio ambiente. Consumir menos e se expor menos às substâncias é melhor. Melhor financeiramente e melhor para o organismo, já que as substâncias possuem efeito acumulativo”, disse Victor Infante, doutor em ciências farmacêuticas com ênfase em cosméticos pela USP Ribeirão Preto.
A única exceção é para quem possui melasma (manchas escuras no rosto). Nesses casos, o uso de filtro solar deve ser diário independente das circunstâncias porque até mesmo o calor piora as manchas.
Saúde da visão
Um estudo feito pelo Departamento de Farmacologia e Instituto de Neurociência da Morehouse School of Medicine em Atlanta, nos Estados Unidos, demonstrou que o impacto causado pela luz azul nos olhos que possuem resultados parecidos com os achados das pesquisas dermatológicas, porém com consequências reais e severas.
A parte boa é que isso pode ser prevenido.
“Ela cria radicais livres dentro da retina, que é nosso nervo do olho por meio do qual as células recebem a luz e transmitem para o cérebro”, explica Fábio Pimenta, oftalmologista do Hospital de Olhos Paulista.
Ou seja, “quando acontece a incidência continuada dessa luz, por muitas horas dias e anos, esses radicais vão criar problemas na mitocôndria das células, o que pode ocasionar morte celular”, afirma o médico.
Pimenta também esclarece que esses radicais interferem com toda a parte celular do organismo, como geração de energia e controle do tempo de vida da célula. Nesses casos, a luz azul faz com que ocorra morte celular precoce.
“Isso pode levar a algum problema visual ao longo de muito tempo. A cegueira seria algo extremamente tardio, mas não podemos descartar”, explica Fábio Pimenta, oftalmologista do Hospital de Olhos Paulista
Apesar da previsão negativa, o dano pode ser evitado. Hoje em dia existem lentes de óculos capazes de filtrar a luz azul. Segundo o oftalmologista, elas passam por um tratamento similar a uma esmaltação, impedindo assim a passagem desse comprimento de onda.
A indicação é para todos aqueles que passam muitas horas por dia na frente de telas, mesmo que não haja algum outro problema de visão que exija uso de óculos como miopia ou astigmatismo.
Portal Guaíra com informações do G1