A investigação envolvendo o desaparecimento do menino de 2 anos de Santa Catarina, que foi encontrado em São Paulo em 8 de maio, apontou que a mãe da criança recebeu R$ 100 para levar o filho até um “ponto de entrega”. O valor foi transferido pela mulher de Marcelo Valverde Valezi, homem apontado por intermediar a adoção ilegal.
Segundo a informação divulgada pela Polícia Civil no sábado (13), será pedido a quebra do sigilo bancário de outros suspeitos de envolvimento no caso, que segue em sigilo.
A criança de 2 anos, que foi vista pela última vez em 30 de abril na Grande Florianópolis, será transferida para um abrigo em São José na segunda-feira (15).
A família diz que o dinheiro também deveria ser usado para a alimentação da mãe e do garoto, além do transporte de volta para casa.
O bebê foi encontrado dentro de um carro com Marcelo e Roberta Porfírio e passou a semana em um abrigo. Marcelo e Roberta presos em flagrante por suspeita de tráfico de pessoas.
Investigação
Além do homem e da mulher presos, a polícia investiga o envolvimento de outras duas pessoas no desaparecimento da criança. Segundo o delegado-geral do órgão, Ulisses Gabriel, elas “provavelmente ficariam com a criança”. O nome delas não foi divulgado.
Já a delegada Sandra Mara, da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami), que também apura o caso, afirmou que a mãe do menino foi convencida a doá-lo.
Marcelo e a mãe do menino, de 22 anos, teriam se conhecido quando a mulher entrou em grupos sobre gravidez nas redes sociais. Desde então, segundo a investigação, o homem tentava assediá-la para entregar o bebê. Em depoimento, a mãe afirmou ter entregado a criança por “livre e espontânea vontade”.
Além de outros envolvidos, a polícia também quer tentar descobrir se houve algum tipo de troca financeira na doação. “A mãe nega ter recebido vantagem, mas nós só teremos essa certeza com a quebra do sigilo bancário de todos os envolvidos”, afirmou a delegada na terça-feira (9).
O que diz a defesa de Marcelo?
Em coletiva de imprensa na terça (9), a defesa de Marcelo afirmou que ele conheceu a mãe do menino há dois anos, quando tinha o interesse em adotar uma criança, mas não soube dizer se seria um grupo em algum aplicativo de mensagens ou em redes sociais.
Segundo as advogadas Laryssa Nartis e Katharine Grimza, na época, Marcelo foi procurado pela mãe da criança, que tinha o interesse em “doar” o filho. No entanto, recentemente, ela teria entrado em contato novamente com ele e alegou que estava passando por problemas.
Marcelo teria indicado Roberta e o marido à mãe do bebê, e o casal passou a tratar sobre a adoção.
O que diz a defesa de Roberta?
Fernanda Salvador, advogada da investigada, nega que tenha havido o crime de tráfico de pessoas e que o bebê estivesse desaparecido, já que a mãe teria entregue a criança a Roberta junto com os documentos, em Santa Catarina. Marcelo não teria viajado até o outro estado, mas intermediado a conversa entre as duas partes.
Segundo a advogada, a mãe teria dito que estava em “cenário de vulnerabilidade, em ambiente tóxico”, quando conversou com o casal de São Paulo.
A retirada do garoto de Santa Catarina foi feita por Roberta e com o carro pessoal. As placas do veículo teriam sido adulteradas na saída do estado, segundo a polícia. A defesa dela, no entanto, afirmou desconhecer a informação.
No fim de semana, Roberta e o marido decidiram procurar a advogada, que disse ter orientado os dois a procurar o Fórum do Tatuapé e entregar o menino. O caso já estava repercutindo em todo o país.
Marcelo acompanhou Roberta até o fórum. Os dois estavam com o bebê dentro de um carro, na Zona Leste da capital, na segunda (8), quando foram abordados pela PM e detidos em flagrante por suspeita de tráfico de pessoas.
Portal Guaíra com informações do G1